Avaliação da Resistência Insulínica e do Perfil Lipídico na Síndrome de Turner
ARMANI, Maria C. de A. et al. Avaliação da resistência insulínica e do perfil lipídico na síndrome de turner . Arq Bras Endocrinol Metab [online]. 2005, vol.49, n.2, pp. 278-285. ISSN 0004-2730.
“A SÍNDROME DE TURNER (ST) caracteriza-se citogeneticamente pela presença de um cromossomo X normal e a perda parcial ou total do outro cromossomo sexual. Ocorre em aproximadamente 1:2130 nativivos do sexo feminino. Seus sinais clínicos mais importantes são a baixa estatura, a altura final está, em média, entre 142 e 147cm, podendo variar de acordo com a altura dos pais, e a disgenesia gonadal, levando à amenorréia primária, atraso no desenvolvimento puberal e esterilidade. Podem ser observadas, também, algumas anomalias congênitas e adquiridas, como problemas cardiovasculares e renais, deficiência auditiva, hipertensão, doenças tireoidianas, osteoporose e obesidade, entre outras. Encontra-se, ainda, uma grande variabilidade de sinais dismórficos, como pescoço curto e/ou alado, tórax largo e em escudo, cubitus valgus, baixa implantação dos cabelos na nuca, orelhas proeminentes e de implantação baixa, entre outros.”(p.279)
“A tendência à obesidade é observada nas portadoras de ST, sendo seu índice de massa corporal significativamente superior em relação à população controle, tanto antes da puberdade como em adultas. Portanto, a hipertensão essencial, a obesidade, a intolerância aos carboidratos, a hiperinsulinemia e a hiperlipemia fazem com que as pacientes com ST tenham maior risco de complicações cardiovasculares, principalmente doenças coronarianas.” (p.279)
“Foram avaliadas 35 pacientes com diagnóstico clínico e citogenético de ST acompanhadas rotineiramente no Ambulatório de Endocrinologia Pediátrica do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), Campinas (SP). Nenhuma das pacientes havia utilizado esteróides anabolizantes ou hormônio de crescimento e estavam eutireoidianas.”(p.279)
“Trata-se de um estudo transversal, no qual os dados clínicos foram obtidos a partir de informações da consulta médica atual e do prontuário de cada paciente existente no Serviço de Arquivo Médico (SAME) do HC – UNICAMP.” (p.279)
“A idade das 35 pacientes incluídas no estudo variou de 5 a 43 anos (17 ± 8 anos), sendo 10 acima de 20 anos. Todas eram normotensas. Em relação à constituição cromossômica, 17 (48,6%) apresentaram cariótipo 45,X; 6 (17,1%) com aberrações estruturais [1 com 46,X,i(Xq); 2 com 45,X/46,X,i(Xq); 2 com 45,X/46,X(r); e 1 com 45,X/46,XX/47,XX+mar(Y-)] e 12 (34,3%) com mosaicismo sem aberração estrutural [11 com 45,X/46,XX; e 1 com 45,X/47,XXX)]. Em nenhuma foram encontradas as seqüências do cromossomo Y pesquisadas.” (p.280)
“Em relação às dosagens séricas do colesterol total, 11 das 25 (44%) pacientes menores de 20 anos apresentaram valores >170mg%, sendo 6 delas >200mg%; e entre as 10 maiores de 20 anos, 5 (50%) apresentaram valores >200mg%. Em relação ao HDL, uma paciente abaixo de 20 anos e outra acima de 20 anos apresentaram valores <40mg%. Quanto ao LDL, 6 das 25 (24%) pacientes abaixo de 20 anos apresentaram valores >110mg%, sendo 2 >130mg%, enquanto que 4 das 10 (40%) pacientes acima de 20 anos tiveram valores >130mg%. Quanto aos triglicérides, 4 das 25 (16%) pacientes abaixo de 20 anos apresentaram valores >130mg%, sendo 3 delas >150mg%; e entre as 10 acima de 20 anos, 2 (20%) apresentaram valores >150mg%...” (p.281)
“Os resultados deste estudo representam uma amostra de pacientes brasileiras com ST em diferentes faixas etárias, selecionadas ao acaso, eutireoidianas, e sem uso prévio de hormônio de crescimento recombinante humano ou esteróides anabólicos androgênicos...” (p.281)
“Vários estudos têm demonstrado uma maior incidência de obesidade na ST, tanto na infância, como principalmente na vida adulta...” (p.282)
“Concluindo, foram observadas alterações no perfil lipídico agravadas pela resistência insulínica, porém independentes de faixa etária, de cariótipo, de níveis de pressão arterial e da presença de obesidade neste grupo de mulheres com ST. A resistência insulínica, não observada neste estudo com a freqüência descrita na literatura, parece estar diretamente ligada à idade, à obesidade e à reposição estrogênica.” (p.283)
Nenhum comentário:
Postar um comentário